Dos Súditos, ao Rei
O Que Perdemos Em Tentar?
→ Começou ilegalmente com um Golpe Militar;
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"CIDADANIA NO IMPÉRIO", mais um livro à vista!

O blog Império Conservado está sorteando mais um livro: “Nação e Cidadania no Império: novos horizontes”, do Historiador e Cientista Político José Murilo de Carvalho. “A primeira parte do livro inclui estudos que relacionam cidadania, cultura e o mundo das ideias políticas. Revela a existência de intenso debate sobre a natureza de nossa cidadania política, a presença de mecanismos de construção de uma identidade nacional, incluindo aí a própria historiografia, e as manifestações de nacionalidade e identidade étnica no mundo da arte popular. A segunda parte do livro concentra-se em estudos relacionados com o impacto da escravidão na consciência e no exercício de direitos, na relação entre os cidadãos e a polícia e no efeito de poder de práticas próprias do mundo patriarcal. Já a última parte abrange uma gama variada de temas que, de vários ângulos, convergem para as ideias centrais de sociabilidade, identidade, relações entre Estado e Igreja”.
Participar do sorteio é muito simples: você precisa seguir o blog e retuitar (dar RT, como costumamos dizer) o tweet indicado pelos autores no Twitter (para acompanhar melhor o andamento dos sorteios, você pode seguir os autores). O sorteio será realizado no dia 20 de dezembro, às 14:30.
O Golpe de 15 de Novembro

Ao contrário do que muitos pensam no dia 15 de novembro não será celebrado o triunfo da vontade popular através da “proclamação” da República. Tampouco será comemorada a democracia ou a liberdade, mas sim o aniversário de um golpe de Estado, despido de qualquer participação popular e visto pelos brasileiros da época, se não com indignação, com grande indiferença. Na realidade, não era pra ter acontecido, não fossem maquinações e boatos de militares bastante espertos para saberem que não haveria república alguma sem um grande teatro por trás de um golpe que, diga-se de passagem, representou muito bem o “jeitinho brasileiro”.
Para começar, vamos conhecer um pouco mais do nosso herói republicano: Marechal Manuel Deodoro da Fonseca, nascido em 1827, filho de militar conservador, tinha duas irmãs e sete irmãos, três dos quais morreram servindo a Pátria na Guerra do Paraguai. Deodoro entrou para o Exército em 1843, se formando em 1847 no curso de artilharia. No ano seguinte teve sua primeira participação numa ação militar na repressão da Revolta Praieira (insurreição de liberais e separatistas da província de Pernambuco). Nos anos que se seguiriam, Deodoro participaria da Guerra do Paraguai, e subiria rapidamente na hierarquia militar. Em 1887, após muitas comendas, já como brigadeiro do Exército, e depois de ter ocupado diversos cargos políticos (como o de vice-presidente da província do Rio Grande do Sul), Deodoro foi nomeado marechal-de-campo. Até aí tudo bem, tivemos um grande herói militar, que gozava de grande prestígio entre os colegas de farda, um cidadão prezado, conservador, amigo do Imperador e monarquista convicto. Opa, eu disse monarquista convicto? Isso mesmo: Deodoro era um monarquista convicto.
Ao contrário de outros militares da época, que se deixavam encantar pelas ideias republicanas, Manuel Deodoro insistia que a república seria “desgraça completa”, como vemos em carta enviada ao seu sobrinho Clodoaldo da Fonseca, em 30 de setembro de 1888:
“República no Brasil é coisa impossível porque será verdadeira desgraça. Os brasileiros estão e estarão muito mal-educados para republicanos. O único sustentáculo do nosso Brasil é a monarquia; se mal com ela, pior sem ela”.
Logo a seguir voltava a insistir junto ao mesmo parente:
“Não te metas em questões republicanas, porquanto república no Brasil e desgraça completa é a mesma coisa”.
Pois bem, vimos que nosso herói não era lá bem um herói republicano. Ou seja, nosso “proclamador da República” era na verdade um “fiel e leal” súdito da Coroa, até o momento em que seu ego foi atingido. Como assim? Bom, antes de entender isso é necessário conhecer outro protagonista dessa história, um sujeito chamado Benjamin Constant Botelho de Magalhães. Esse, de herói, não tinha nada. Chegou a ir para a Guerra do Paraguai, como engenheiro civil e militar, mas depois de treze meses voltou alegando doença, e sua mulher, como boa esposa, foi lá busca-lo para lhe dedicar os devidos cuidados em casa. Então ele foi dar aula de matemática na Escola Militar. Mas não vamos deixar de ser justos e clarificar que, apesar de militar, o dito Benjamin não era um militarista. Acreditava na submissão do Exército ao poder civil, e não era um revolucionário qualquer; bem instruído e positivista de carteirinha, era um leitor de Comte e seu republicanismo se devia a isso. Mas onde ele entra na história da “proclamação”? Pois bem, para isso teremos de entender outra história, essa um pouco mais complicada.
Desde a formação do Brasil como Estado soberano e independente, que teve início de facto com a elevação da colônia ao status de reino (Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves), o Exército nunca exercera de fato participação nos destinos políticos do país. Na realidade, o Exército era uma instituição fraca e mal aparatada, bem inexpressiva diante de sua correspondente civil, a Guarda Nacional. Os militares de influência geralmente o eram por serem ao mesmo tempo grande nomes de um dos dois partidos políticos, o Conservador e o Liberal, não por serem militares unicamente. Mas as coisas mudariam com o advento da Guerra do Paraguai, que exigiu o melhoramento da instituição em questão, caso o Brasil quisesse ter sucesso na empreitada. Com o fim da guerra, e com um exército melhor aparatado e “politicamente alfabetizado”, o governo viu o nascimento de uma nova força política, não muito contente com o tratamento que vinha recebendo por parte do executivo imperial. Como se não bastasse esse descontentamento, o Gabinete inferiu algumas punições contra os militares, e iniciou uma política de restabelecimento da Guarda Nacional como maior força armada da Nação. É claro que os ‘novos’ militares não viram isso com bons olhos, e teve início uma peleja política conhecida como “Questão Militar”. De um lado, um poder executivo querendo podar qualquer possibilidade do exército aumentar ainda mais sua influência, e de outro, militares ansiosos por “um assento no banco de decisões” dos destinos do Império.
Voltemos ao nosso marechal. Após a morte do Duque de Caxias e do General Osorio, Deodoro se tornara o grande nome militar do Brasil, a admiração que seus subordinados nutriam por ele não era pouca. Era visto como um herói. Cioso do enorme prestígio do marechal em todo o Exército, Benjamin Constant, o professor de matemática, resolveu iniciar uma empreitada para converter Deodoro ao republicanismo. Mas, apesar de ser profundamente solidário à causa militar, e ter escrito mais de uma vez ao Imperador, implorando por uma intervenção nas ações do governo, Deodoro via o movimento republicano com péssimos olhos, como já foi mostrado. Mas as coisas se voltaram para um caminho tortuoso, e o próprio Deodoro viu que deveria ele mesmo agir contra o governo, e percebeu que não era uma boa ideia importunar o velho e doente Imperador com problemas que talvez ele mesmo pudesse resolver. Mas o monarca não estava tão alheio assim à questão, e respondeu a segunda carta de Deodoro com a demissão, no mesmo dia, do Ministro da Guerra, Alfredo Chaves. Nosso marechal então “deu-se por satisfeito”, para ele a questão tivera seu fim. “Petrus locuta, causa finita” (Pedro falou, o papo acabou). Contudo, o novo ministro não cancelou as punições, mas se pronunciou dizendo que os militares punidos deveriam requerer, junto ao governo, o cancelamento dessas punições. Então voltamos ao ponto de partida: governo versus Exército.
Sabendo da frágil situação física do soberano, que sofria de diabetes e havia adoecido muito nos anos que se seguiram ao término da guerra, os querelantes resolveram não recorrer ao juiz imparcial, para recorrer ao Senado. Rui Barbosa lançou um manifesto em defesa do Exército, no qual dizia:
“(...) Deploramos que a doença inquietadora de Sua Majestade não permita invocar diretamente o Chefe do Estado. Sabe o Exército que o Imperador nenhuma responsabilidade constitucional tem. É-lhe grato saber que, nos abusos de que se tratam, não lhe cabem nenhuma responsabilidade real. Mas, em toda a parte, ainda nos países onde exemplarmente se pratica a monarquia parlamentar, o soberano, se é, como entre nós, um elevado espírito, tem sempre em si, pela sua sabedoria, pela sua experiência acumulada, pela superioridade da sua intuição, pela alta imparcialidade do seu cargo, uma imensa reserva de autoridade moral, de influência persuasiva sobre o ânimo de seus ministros mais independentes, dos seus conselheiros mais austeros, e não lhe faltam ocasiões como esta de exercê-la, com benfazeja discrição, em proveito da justiça, da liberdade e da lei”.
E após discorrer sobre o estado de saúde de Dom Pedro, citando as recomendações médicas de repouso e também os anseios do povo por sua recuperação, termina:
“Não nos resta, pois, senão recorrer para opinião do país, que desde o princípio esposou a nossa causa, idêntica à dele, endereçar ao Parlamento este derradeiro apelo à legalidade, que é nosso dever, do qual nada nos arredará, enquanto o direito postergado não receber a sua satisfação plena”.
Como vemos, a Monarquia ainda gozava de lealdade e prestígio e, na verdade, era bastante popular. O grande vilão da história era o Gabinete de Ministros, órgão que representava o poder Executivo durante o Império. O Brasil era uma monarquia constitucional, ou seja, o Imperador reinava, mas não governava de facto. Essa função cabia o Conselho de Ministros encabeçado por um presidente, que era nomeado pelo Imperador. O Gabinete, por sua vez, convocava as eleições legislativas, e então se formava o Parlamento. O Poder Legislativo era composto por duas câmaras, o Senado e a Câmara dos Deputados que se reuniam uma vez por ano em sessão extraordinária chamada Assembleia Geral Legislativa, ocasião em que o Imperador, em trajes majestáticos e rituais solenes, pronunciava a Fala do Trono. Tínhamos o que os historiadores chamam de “parlamentarismo às avessas”, por ocorrer aqui exatamente o contrário de outras monarquias parlamentaristas, onde primeiro o Parlamento é eleito, então se propõe um governo ao monarca que nomeia então um primeiro-ministro.
Mas apesar das manifestações de diversos políticos no Senado e na Câmara dos Deputados a favor dos militares, o governo não cedeu. Nesse ínterim, Benjamin Constant se dirigia praticamente todos os dias à casa de Deodoro, em consecutivas tentativas de convertê-lo de uma vez por todas ao ideal republicano. Mas o marechal se mostrava intransigente, e dizia que sua amizade e lealdade pelo Imperador, de quem era protegido, eram maiores do que qualquer argumento de Benjamin. Contudo, a tensão entre o governo e o Exército foi aumentando, e no dia 14 de novembro de 1889, o Major Solon Ribeiro espalhou um boato pela capital de que o Gabinete mandara prender Deodoro e Benjamin, por conspiração. Começa aí a jornada do 15 de Novembro.
Na madrugada daquele dia, Deodoro e Benjamin, à frente de tropas militares, se dirigiram ao quartel onde se encontrava em vigília o ministério liberal do Visconde de Ouro Preto, Afonso Celso de Assis Figueiredo. O pobre visconde repetia insistentemente as ordens do ataque contra os sublevados, mas gritava aos ventos. O Ministro da Guerra, Marechal-de-Campo Visconde de Aracaju, confessou que não tinha meios para reagir, enquanto que Floriano Peixoto, ajudante-general do Exército, bradou que não lutaria contra compatriotas brasileiros. Ouro Preto logo viu que não estava entre aliados, e só então foi constatar as prévias atitudes dúbias de Peixoto, e os conselhos dos supostos aliados militares de não se importar com os rumores de conspiração, dos quais o gabinete havia sido alertado diversas vezes pelo chefe de polícia. O presidente então enviou um telegrama ao Imperador, que se encontrava em Petrópolis, comunicando-lhe de sua demissão, e informando que Deodoro entrara triunfalmente no quartel, aclamado pelas tropas. Proclamou-se então a república? Na verdade não. Deodoro havia marchado até ali para derrubar o ministério, e foi isso que ele fez. Após Ouro Preto se entregar, o marechal pronunciou um discurso que não incluía nenhuma república e que, após exaltar o Exército, concluía:
“Quanto ao Imperador, tem minha dedicação, sou seu amigo, devo-lhe favores. Seus direitos serão respeitados e garantidos”.
Assim terminava o dia 15 de novembro, e até então os republicanos viram seu sonho ir por água abaixo. O próprio Benjamin parecia ter-se convencido de que não se podia impor uma forma de governo ao povo. Mas por pouco tempo.
O Imperador já estava no Rio de Janeiro, e nomeou um novo gabinete assim que chegou, como fizera inúmeras vezes durante seus quarenta e nove anos de reinado. O novo ministério seria encabeçado pelo Conselheiro José Antônio Saraiva, que recebeu a seguinte mensagem do palácio, enviada por Franklin Dória:
“Exmo. Amigo Sr. Conselheiro Saraiva – o Imperador e a princesa estimariam que V. Ex.ª viesse agora mesmo ao Paço da Cidade, no qual se espera compareça, daqui a pouco, General Deodoro, a fim de apresentar a S.M. a sua mensagem (...)”.
Tudo teria ocorrido normalmente, o Imperador voltaria a descansar e os detalhes da Questão Militar seriam acertados numa outra ocasião, se certo boato, dizendo que o Imperador nomeara como ministro Gaspar da Silveira Martins, um inimigo pessoal de Deodoro, não tivesse se espalhado pela cidade. Alguns acreditam que tal boato foi obra do espero Benjamin Constant. Deodoro também estava doente, e se encontrava de cama quando mandou chamar Benjamin e, bastante irritado, declarou: “Pois diga ao povo que a República está feita”. Logo, ao contrário do que muitos pensam, a república não se deu num quartel, com o povo gritando vivas ao novo regime, mas sim na cama de um marechal monarquista com o orgulho ferido por um mero boato.
Nas horas seguintes se reuniram homens que em breve seriam ministros, e começaram a pôr em prática o novo regime. Na tarde do dia seguinte, o mesmo boateiro Major Solon, em uniforme de gala e seguido por um piquete de cavalaria, foi ao Paço da Cidade entregar a D. Pedro II a mensagem do governo republicano provisório, que depunha e ordenava o exílio da dinastia (decidi por transcrever este documento em particular em sua grafia original):
“Senhor! — Os sentimentos democráticos da nação ha muito tempo preparados, mas despertados agora pela mais nobre reacção do caracter nacional contra o systema de violação, de corrupção, de subversão de todas as leis, exercido em um gráo incomparável pelo ministério 7 de Junho; a politica systematica de attentados do governo imperial n'estes últimos tempos, contra o exercito e a ar-mada, politica odiosa á nação^ e profundamente repellida por ella, o esbulho dos direitos d'essas duas classes que, em todas as épocas, têm sido entre nós a defesa da ordem, da constitução, da liberdade eda honra da pátria, a intenção manifes- tada nos actos dos vossos ministros e confessada na sua imprensa, de dissolvel-as e aniquilal-as, sub- stituindo-as por elementos de compressão official, que foram sempre entre nós objecto de horror para a democracia liberal, determinaram os acontecimentos de hontem, cujas circumstancias conheceis e cujo caracter decisivo certamente podereis avaliar. Em faced'esta situação, pesa-nos dizer-vol-o e não fazemos senão em cumprimento do mais custoso dos deveres, a presença da família imperial, no paiz, ante a nova situação que lhe creou a revo lução irrevogável do dia 15, seria absurda, impossível e provocadora de desgostos que a salvação publica nos impõe a necessidade de evitar. Obedecendo, pois, ás exigências do votonacional, com todo o respeito devido á dignidade das funcções publicas queacabaes de exercer, somos forçados á notificar-vos que o governo provisório espera do vosso patriotismo o sacrifício de deixardes o território brazileiro, com a vossa família, no mais breve termo possivel.
Para esse fim se vos estabelece o prazo máximo de 24 horas que contámos não tentareis exceder (...)”.
Assim, com um discurso leviano e claramente ressentido, Deodoro traía seu juramento, seu ideal, seu amigo. Assim findava sessenta e sete anos de monarquia constitucional, sem qualquer participação popular no levante, obrigando um monarca idoso e doente a abandonar o país de madrugada, e espalhando o boato de que a Família Imperial havia fugido e abandonado o país face ao perigo quando, na verdade, temia apoio do povo ao velho Dom Pedro, que era bastante popular. Um plebiscito foi prometido para os meses seguintes, mas só aconteceria realmente em 1993, dando à República cem anos para distorcer a história e, como sempre, enganar a população. Em 15 de novembro de 1889, através de um golpe mesquinho, nascia a República, que tirou estadistas e grandes políticos da vida pública, e deu seus lugares a homens inexperientes que, como o próprio Rui Barbosa diria, transformaram o que era uma escola de estadistas num mercado de corrupção. Tem início então era de maus políticos na história da Nação brasileira, que persiste até os dias de hoje.
A Longa Mordaça Republicana
- A forma federativa de Estado;
- O voto direto, secreto, universal e periódico;
- A separação dos Poderes;
- Os direitos e garantias individuais;
- A República (Implícita na constituição).
Pessoas que aproveitaram o gosto da liberdade de expressão (republicanos) por certo acharam que isso seria um risco para os seus interesses e logo trataram de criar a cláusula pétrea para silenciar o povo simpático à Monarquia.
Não podemos esquecer que logo após o golpe republicano, a Família Imperial foi exilada, só sendo revogada a Lei do Banimento na década de 1920 pelo presidente Epitácio Pessoa.
Afinal, por que o governo republicano tem tanto medo da Monarquia e dos Monarquistas? Será que uma super propaganda anti-monarquia por mais de um século não foi suficiente?
Os que estão no poder não têm interesse que você conheça a Real História do Brasil. Abram os olhos... Leiam bastante!
Fica a reflexão.
Terra do Brasil
Dom Pedro II
Espavorida agita-se a criança,
De nocturnos phantasmas com receio,
Mas se abrigo lhe dá materno seio,
Fecha os doridos olhos e descança.
Perdida é para mim toda a esperança
De volver ao Brasil; de lá me veio
Um pugillo de terra; e nesta creio,
Brando será meu somno sem tardança...
Qual o infante a dormir em peito amigo
Tristes sombras varrendo da memoria,
Oh doce Patria, sonharei contigo!
E, entre visões de paz, de luz, de gloria,
Sereno aguardarei no meu jazigo
A justiça de Deus na voz da Historia!
O tempo me faltou novamente e não pude elaborar conteúdo original; mas me pareceu oportuno deixar o lindo soneto de nosso Magnânimo Imperador nos tempos de exílio. Exemplo de real paixão pela, e real identificação com, a pátria; coisa que não espero de nenhum ocupante da Presidência da República, por mais patriótico que se declare.
A Semana da Pátria
Esclarecendo a Monarquia, Parte 3: Nossos Herdeiros
O fim da monarquia no Brasil não significou o fim da família imperial. Não houve a extinção da dinastia, pelo contrário, D. Pedro II e sua família foram exilados. Matar a família imperial seria algo que levaria a uma revolta popular dantesca, visto que eram muito queridos pelo povo.
Não pretendo aqui fazer uma árvore genealógica desde a princesa Isabel, pois o post se tornaria muito extenso, muito menos fazer uma biografia completa, minha intenção é apenas apresentar os príncipes brasileiros. Falarei dos herdeiros do trono em linha sucessiva.
Dom Luís Gastão de Orleans e Bragança
Dom Luís, também conhecido como Dom Gastão, é o chefe da Casa Imperial Brasileira, isso significa que caso o Brasil fosse ainda uma monarquia, ele seria o Imperador. Ele é o filho mais velho do príncipe D. Pedro Henrique de Orleans e Bragança e da princesa Dona Maria Isabel da Baviera.
É formado em química pela Universidade de Munique e fala fluentemente o português, o francês e o alemão, além de compreender bem o italiano e o inglês. Como a família imperial foi exilada, ele só veio a conhecer o Brasil em 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial, quando a cláusula pétrea da constituição brasileira que não permitia que a família imperial se fixasse no Brasil foi revogada.
D. Luís teve paralisia e é muito doente, por isso não é muito comum vê-lo como um ator mais incisivo em questões que envolvem o Brasil, apesar de fazê-lo de forma discreta.
Dom Bertrand Maria José de Orleans e Bragança
É o Príncipe Imperial, segundo na linha de sucessão do trono. Na realidade, por D. Luís não gozar de saúde plena, muito provavelmente ele seria o príncipe regente.
D. Bertrand, assim como seu irmão, passou a infância na Europa e veio ao Brasil junto com ele. Estudou direito no Largo São Francisco, a tradicional escola de direito de São Paulo, hoje parte da USP.
Alguns monarquistas não gostam muito do fato dele fazer parte da sociedade católica TFP (Tradição, Família e Propriedade), pois isso não expressa a realidade brasileira, porém trata-se de uma escolha individual do príncipe. É a figura mais atuante do movimento monárquico, tendo se reunido com representantes das diversas casas nobres da Europa antes do plebiscito de 1993 para falar sobre a causa monárquica do nosso país. Ele também é líder do movimento “Paz no Campo”, que atua contra movimentos terroristas que invadem propriedades rurais. É um grande opositor da reforma agrária.
Dom Antônio João de Orleans e Bragança
É o terceiro na linha de sucessão do trono. Brasileiro nato, da cidade do Rio de Janeiro, cresceu em Jacarezinho, Paraná, numa fazenda onde a família imperial viveu entre 1951 e 1964. Fez os estudos secundários (hoje colegial) em Vassouras, RJ, e depois graduou-se em Engenharia Civil na Universidade Barra do Piraí.
Teve uma educação moral e religiosa muito forte de seu pai, Dom Pedro Henrique, que queria transmitir aos filhos todos os princípios monárquicos, sendo educado como um verdadeiro príncipe.
Também é muito conhecido por ser um aquarelista de renome, sendo um expoente nessa arte aqui no Brasil.
Dom Rafael Antônio Maria de Orleans e Bragança
Mora no Rio de Janeiro com a tia Dona Isabel. Estudante de engenharia de produção na PUC-Rio e estagiário na AmBev, é o quarto na linha de sucessão do trono e o mais jovem dos príncipes. Tornou-se o sucessor depois da morte de Dom Pedro Luís, que era três anos mais velho, no acidente da Air France. É tido como um porta-voz da juventude monárquica, devido a sua mocidade. Sua irmã mais velha, Dona Amélia, é sua sucessora.
A Destruição da Imagem Monárquica
A Inovação Monárquica
A Monarquia Constitucional surgiu com o desejo dos homens de conhecer e assim recorrer quando necessário as regras que definem a atuação dum rei. Para isso serve uma constituição: definir os papeis do Estado (e seus representantes), seu funcionamento e discriminar os direitos de seus cidadãos. O rei, mesmo durante o Absolutismo – uma caracterização de exceção das monarquias, cuja regra é o rei medieval: guerreiro, para garantir a segurança nacional, limitado pelo seu conselho de guerra e limitado também pela atuação clerical – estava limitado por vários aspectos da vida social. Mas o constitucionalismo foi um desejo de fazer reconhecer – ou seja, institucionalizar – todas essas várias fontes de co-atuação no poder político juntamente com o rei.
É assim que os antigos petty kingdoms, monarquias compósitas, foram se organizando em ducados, marcas e condados a serem representados nas cortes, que, mais tarde, originaram por exemplo, as duas câmaras da Inglaterra. O Parlamentarismo foi uma evolução natural e orgânica da organização medieva dos reinados, após os arroubos absolutistas; e o princípio constitucionalista é a garantia de que o rei não caia novamente em tentações absolutistas e reconheça e dialogue com seus antigos interlocutores. Nesse sentido a Monarquia Parlamentar Constitucional é realmente a maior inovação política, é ao mesmo tempo o mais arcaico sistema político e o mais atual: é a assimilação de todos os aspectos jurídicos, simbólicos e políticos sedimentados pela experiência de milênios de monarquia ao funcionamento de seu tempo: juramento sob o papel, sanções, penas e submissão ao direito internacional.
A Constituição e o Parlamento surgiram para limitar o poder dos reis; mas noutro sentido, logo o Rei passou a limitar o desejo de acúmulo de poder e promoção pessoal dos políticos do parlamento. É na Monarquia Parlamentar Constituicional – como o Brasil conheceu de 1824 a 1889 – que o princípio de Montesquieu se realizou mais perfeitamente. Dizia o francês que “todo homem investido de poder é tentado a abusar dele” e “só o poder limita o poder”. Pois a Carta de 25 de Março de 1824 obedeceu a esse princípio de limitação de poder sob a ótica de Benjamin Constant, e seu “Poder régio”, mais um poder a ser limitado e limitar os demais.
A falta deste poder que permite os parlamentares e presidentes do Brasil aumentarem seus próprios salários, regularem-se a si mesmos, sem poder a quem responder, agindo indecorosamente em benefício próprio e de grupo; é a presença deste poder na Suécia que permite os parlamentares lá viverem como funcionários espartanos pelo seu Estado.
Há quem ainda pense que Monarquia é uma forma de governo do passado; não sabem do que falam… estão infectados com o mais puro determinismo histórico, mesmo quando o dizem combater ferozmente, infectados de aversão à tradição e às raízes deste e quase todos os países do globo; infectados pelo fetiche de que o cargo hereditário faz de seu ocupante alguém sem sentido na vida política. Falta-lhes conhecimento da manutenção da Democracia, este ser frágil. E como e porquê a Democracia funciona melhor numa monarquia, deixo para meu próximo texto.