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O Mais Injustiçado dos Brasileiros (Parte II)

 D. Pedro II já adulto

D. Pedro era amante da educação, cultura e ciência, tendo contribuído grandemente para o Brasil nesses aspectos. Visto o tamanho que a postagem está tomando, e crendo na possibilidade de muitos não terem tempo ou disposição para lê-la, serei bem mais sucinto do que gostaria.
 
No dia 4 de julho de 1876, festa do centenário da independência americana, D. Pedro II se encontrava nos Estados Unidos, porém em caráter particular, como fazia durante as suas viagens. Estava programado um espetáculo de gala, do qual participariam o presidente Ulysses Grant e toda a representação do mundo oficial. Ao hotel em que estava hospedado como “D. Pedro de Alcântara”, foi-lhe enviado um convite para assistir à solenidade no camarote do presidente americano. D. Pedro agradeceu e devolveu, dizendo que não estava ali como Imperador, portanto não podia aceitar, mas que iria em caráter particular. E foi. Mas o mestre de cerimônias o conduziu a um camarote “particular”, vizinho ao do presidente. Quando D. Pedro apareceu no seu lugar, em companhia da Imperatriz, correu-se a cortina que separava os dois camarotes, e ele se viu ao lado do presidente, no mesmo camarote.

Desfraldaram-se nesse momento, unidas, a bandeira americana e a brasileira. Logo depois a banda entoou o hino brasileiro, e uma multidão entusiástica, de pé, saudou com prolongadas palmas e vivas o nosso Imperador. 8

Tão grande era a admiração dos americanos pelo nosso Imperador, que nas eleições presidenciais de 1877 ele recebeu, só em Filadélfia, mais de 4.000 votos espontâneos.
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Brasão da Casa Imperial do Brasil

Com o surgimento do movimento republicano, Deodoro da Fonseca foi, momentos antes da proclamação, convencido de que seria o mais correto a se fazer. Às 23 horas do dia 14 de novembro, Deodoro assumiu o comando de 600 homens, cuja maioria não sabia o que estava ocorrendo ou acreditava que iria se defender de um ataque da Guarda Nacional ou da Guarda Negra. Alguns poucos republicanos deram vivas a república, mas Deodoro mandou-os calarem a boca. 10

Para os brasileiros, o Imperador Pedro II é a representação típica
da figura paterna sábia, benevolente, austera e honesta.

Quando a república foi proclamada, houve a primeira tentativa de desvio de dinheiro público desse sistema, quando um carregamento de ouro foi oferecido ao Imperador deposto para que ele levasse consigo para o exílio (sim, a Família Imperial foi banida do Brasil). D. Pedro II recusou. Era dinheiro dos brasileiros, não dele. E mais, o soldo que recebia por ser Imperador nunca aumentou em 49 anos de governo, ainda que a Assembleia fosse favorável. D. Pedro II é que não era. Bem parecido com os aumentos concedidos aos nossos parlamentares por eles mesmos. (Que desgraça!)
D. Pedro II e família no Palácio São Cristóvão, em Petrópolis, em foto de Otto Hees, a última antes do fim do Império. Da esquerda para a direita: a imperatriz, D. Antonio, a princesa Isabel, o Imperador, D. Pedro Augusto (filho da irmã da princesa Isabel, d. Leopoldina, duquesa de Saxe), D. Luís, o conde D'Eu e D. Pedro de Alcântara (príncipe do Grão-Pará)


De forma covarde, a Família Imperial foi obrigada a deixar o país ainda de madrugada. Rui Barbosa, relembrando o ocorrido, falou ao Major Carlos Nunes de Aguiar que estava ao seu lado assistindo de longe o navio levantar âncoras: "Você teve razão de chorar quando o imperador partiu". Era "o fim da monarquia mas não do mito chamado D. Pedro." 11

(Continua...)
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Referências:
8 - MANFREDO LEITE - Saudades - O Livro, SP, 1922, p.62.
9 - SEBASTIÃO PAGANO - Eduardo Prado e Sua Época - O Cetro, SP, 1960, p.286.
10 - Carvalho, 2007, p 216.
11 - SCHWARCZ, Lilia Moritz, As Barbas do Imperador, Companhia das Letras, 2002, p. 463

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