Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança, ou simplesmente Pedro II, é, ao meu ver, o mais injustiçado dos brasileiros!
D. Pedro II foi deposto do Império do Brasil por um golpe militar em 15 de novembro de 1889. É difícil, caro leitor, desmistificar a visão que se tem deste honrado brasileiro, quando somos ensinados desde pequenos com livros e professores tendenciosos; quando percebemos que a república criou todo o mecanismo necessário para se destruir uma imagem positiva da Monarquia Brasileira, para que as pessoas crescessem ignorantes à essa época. Acho que nem os mais otimistas deles esperavam que desse tão certo. Mas deixem-me apresentar-lhes um pouco mais sobre D. Pedro II.
D. Pedro de Alcântara não teve uma infância normal.
Nascido no Palácio de São Cristóvão (Quinta da Boa Vista), Rio de Janeiro, a 2 de dezembro de 1825, D. Pedro de Alcântara não teve uma infância normal... E nem poderia. Sendo o único filho homem do Imperador D. Pedro I a sobreviver à infância, tornou-se o herdeiro da Coroa Imperial do Brasil. Todo herdeiro de Trono é educado desde cedo para um dia assumir o posto que lhe é devido. Em todo caso, vejo isso como um fardo. Filho também de Dona Maria Leopoldina, arquiduquesa da Áustria, ficou órfão de mãe com pouco mais de um ano de idade. O pai, dizia com orgulho: "Meu filho tem sobre mim a vantagem de ser brasileiro."1
Em 09 de abril de 1831, com apenas cinco anos de idade, o jovem Pedro, assustado, com seu pai e sua madrasta longe, foi aclamado Imperador do Brasil (que seria governodo por uma Regência até que chegasse à maioridade e pudesse assumir o Trono Imperial do Brasil.
D. Pedro de Alcântara, aos 12 anos
representado por Félix Emili Tounay, em 1837.
O jovem imperador passava a maior parte do tempo estudando e aprenderia, ao longo de sua vida, a falar e escrever em português, latim, francês, alemão, inglês, italiano, espanhol, grego, árabe, hebraico, sânscrito, chinês, provençal e tupi-guarani.2 Sendo um monarca constitucional, sua educação era acompanhada atentamente pela Assembléia Geral que exigia por parte de Marquês de Itanhaém (Manuel Inácio de Andrade, seu segundo tutor, o primeiro havia sido José Bonifácio) relatórios acerca de seu progresso nos estudos.
A criação que recebeu o transformou numa pessoa tímida e carente e para fugir da realidade fez dos "livros um mundo à parte, em que podia isolar-se e proteger-se".3
Acontece que em meio às revoltas regenciais que ameaçavam a soberania do Estado Brasileiro, a população, que via em Pedro de Alcântara o símbolo vivo da unidade do país, desejava vê-lo em ação e saiam às ruas do Rio de Janeiro (então capital do Brasil) cantando a seguinte quadrinha:
"Queremos Pedro II
Embora não tenha idade!
A Nação dispensa a lei
E viva a Maioridade!" 4
Com a necessidade de um Imperador no Trono, e com o apoio popular, D. Pedro, ainda com quinze anos incompletos, foi declarado amparado pela Constituição, maior de idade e se tornou o segundo Imperador do Brasil, recebendo o título de D. Pedro II.
D. Pedro tornando-se maior de idade, com 14 anos,
assim poderia assumir o Trono Brasileiro.
Em seu governo, que durou 49 anos (1840 - 1889), houve desenvolvimento cultural e científico no país. Em um período onde era comum o entendimento científico de que existia de fato uma separação racial entre brancos, negros e amarelos, o Imperador sempre demonstrou um profundo ceticismo quanto a tal teoria e nunca se deixou convencer pela tese de diferenciação racial.5
É fato que D. Pedro II não possuia escravos que trabalhassem para ele, preferia dar-lhes salários, bem como o fazia a Princesa Izabel. Possuía amigos negros, inclusive seu tutor desde a infância, o afro-brasileiro Rafael, veterano da Guerra da Cisplatina (Rafael viria a falecer em 15 de novembro de 1889, com mais de 80 anos, quando soube que o Imperador seria exilado do Brasil). O engenheiro André Rebouças, também negro, autoexilou-se à época da proclamação da república, em solidariedade.
Ao ser declarado maior de idade, recebeu de herança 40 escravos. Mandou libertar todos.6
A tolerância do Imperador não se restringia somente aos negros, mas também aos muçulmanos, pois acreditava que a paz mundial seria sempre uma utopia, enquanto não se estabelecesse uma sincera conciliação entre o Ocidente e o Oriente. O mesmo se estendia aos judeus, como na vez em que respondeu ao seu amigo Gobineau a razão de não existir leis no Brasil contra os mesmos: "Não combaterei os judeus, pois de sua raça nasceu o Deus da minha religião".7
(Fim da Primeira Parte)
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Referências:
1 - LOEWENSTAMM, Kurt, Imperador D. Pedro II: O Hebraísta no Trono do Brasil, Centauro, 2002
2 - CARVALHO, José Murilo de, D. Pedro II, Companhia das Letras, 2007, p. 226.
3 - Carvalho, 2007, p 29.
4 - OLIVIERI, Antonio Carlos, Dom Pedro II, Imperador do Brasil, Callis Editora, 1999
5 – Loewenstamm, 2002.
6 - ALCÂNTARA, José Denizard Macêdo de, D. Pedro II, o Patrono da Astronomia
7 - Loewenstamm, 2002.
2 - CARVALHO, José Murilo de, D. Pedro II, Companhia das Letras, 2007, p. 226.
3 - Carvalho, 2007, p 29.
4 - OLIVIERI, Antonio Carlos, Dom Pedro II, Imperador do Brasil, Callis Editora, 1999
5 – Loewenstamm, 2002.
6 - ALCÂNTARA, José Denizard Macêdo de, D. Pedro II, o Patrono da Astronomia
7 - Loewenstamm, 2002.
3 comentários:
Estamos estudando sobre A Infância e pensei em aprender e repassar para os colegas do curso de Pedagogia este texto sobre a infância do Imperador de nosso País Dom Pedro II, como viveu, como chegou ao trono ainda uma criança, no tempo do Império, como era educado e como chegou ao trono.
A história de D. Pedro II, o grande imperador do Brasil, deve continuar a ser divulgada, continuamente, incessantemente. Parabéns!
A história de D. Pedro II, o grande imperador do Brasil, deve continuar a ser divulgada, continuamente, incessantemente. Parabéns!
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